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Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...
Este blogue vai dizer adeus.
Foi criado apenas para ver se me habituava ao blogs do Sapo e para testar a quantidade de visualizações relativamente ao blogger.
Hoje, acabou de cumprir a sua missão. Não me habituei ao blogs e, apesar de não ter um monte de seguidores, nem um monte de visualizações, o blogue no blogger é mais feliz.
Continuo por lá. Façam-me uma visitinha se vos apetecer, quando vos apetecer.
Até já!
Às vezes, sinto-me sozinha. Tão sozinha, neste mundo, que acho que ninguém me entende. Nessas alturas, falo contigo e sinto-me menos sozinha. Ou acompanhada na minha solidão. Vejo-nos aos dois, juntos e sós, no meio de uma multidão. Chega a ser claustrofóbico. Tento respirar o ar dos outros, mas ele não me chega. Não nos chega. Tento falar-lhes, mas não me ouvem. Ou fingem que não ouvem. Ou não me saem palavras que queiram entender.
Às vezes, esta solidão preocupa-me. Outras não. Sei que estás aqui.
E isso chega-me.
Eu - J., vai pôr a mesa!
J.- Oh, mãe, não, isso é que não!
Eu - Vai lá, é a tua função nesta comunidade.
J.- Oh não! Então quero mudar de comuna.
Eu - Muda, muda. Vê se arranjas outra comunidade onde que dêem de comer, vestir, amor e carinho como nesta. E onde nem sequer tenhas que pôr a mesa.
J.- Pronto, ok, já vou pôr a mesa!
Vim aqui só avisar que ando a ler a Biografia Involuntária dos Amantes para o caso de alguém estar interessado em saber.
Continuo com a síndrome das folhas em branco que no meu caso nunca foi página, já deixou de ser folha para passar a ser folhas e vou a caminho do caderno. Ou seja, continuo aparvalhada. Não me liguem, ok?
Ver-te, o tempo todo, a encestar no cesto do quarto, no da rua, nos caixotes do lixo ou num cesto imaginário é ver-me a fazer rodas em todas as ruas sem trânsito e pinos em todas as paredes sem portas ou janelas.
Sempre que te observo a imaginares jogos em que todos os jogadores és tu, lembro-me dos concursos de ginástica em que todas as concorrentes era eu. Ralho-te, porque é a minha função evitar o exagero e despertar-te para outras coisas, mas sinto essa obsessão que se apodera de nós quando gostamos realmente de alguma coisa. Sinto a força que nos domina e nos faz ultrapassar os limites que o corpo nos tenta impor. E sei que a nossa vida se vai alimentando disso, da transposição de barreiras e da criação de novas, em que vivemos dessa adrenalina e respiramos as nossas secretas vitórias. Uma após outra, como se de tijolos se tratassem, vamos construindo o nosso castelo imaginário, onde somos reis e senhores.
Sabes, filho, ainda hoje tenho os meus castelos? Mais pequeninos do que em criança, mais fáceis de construir, mas também menos belos e desejados.
Às vezes, fico com medo de destruir os teus, pelo exemplo do insucesso dos meus e por não te deixar voar demasiado alto para que, se caíres, não te magoes, tanto.
E fico com medo de não ser capaz de te ajudar a ser feliz e de fazer tudo errado. Tenho pavor de fazer tudo errado e de te ver perder essa ânsia de construir castelos e de te superares a cada tijolo.
Uma multidão cerca-nos. Olhamos em volta e só caras desconhecidas. Tentamos decifrar expressões, ler pensamentos, ver para além das expressões e dos pensamentos.
E nada.
Fechamos os olhos e inventamos histórias para as caras que se gravaram na nossa mente. Imaginamo-las íntimas entre elas, a amarem-se e odiarem-se num quotidiano monótono em que as conseguimos ver a acordar, a lavarem-se, a vestirem-se, a comer, a abandonarem-se.
Caras estremunhadas, caras desconhecidas estremunhadas. Abandonadas.
Somos nós que as rodeamos agora. Tal predador em volta da presa, cheiramo-las, inspiramos-lhes o odor até nos inebriarmos de fome e nos fixarmos na ideia de as devorar.
Num salto, atacamos-lhes o pescoço da alma e sorvemos-lhes a essência. Sugamo-las por inteiro até as possuirmos. São nossas. São nossas.
É a partir deste momento que as podemos estampar numa folha de papel e escrevê-las, desenhá-las, apagá-las e reescrevê-las novamente a nosso bel-prazer. São nossas.