por Mammy, em 31.10.11
Como apreciadora que sou da Pop Art em geral e de Andy Warhol, Keith Haring e Roy Lichtenstein em particular, tudo o que são peças de arte ou de design coloridas, vanguardistas e a cair para o pós-moderno seduzem-me o suficiente para me fazerem sair de casa apenas para as ir contemplar.
Deste modo, e como as oportunidades não se devem desperdiçar, na hora que durou entre ir buscar os bilhetes reservados ao teatro e o início da peça, eu e este homem que me atura há uns aninhos, demos um saltinho ao Mude - Museu do Design e da Moda, na Rua Augusta, que já conhecíamos e que gostamos de revisitar sempre que possível, pois além de ser um dos pontos em que estamos em consonância, aproveitamos para nos actualizarmos do que de novo se faz em design.
Uma das peças que nos deixa sempre a salivar é este sofá, que ficaria perfeito na nossa sala, entre muitas outras coisas, que nunca poderíamos comprar, mas que ali podemos apreciar de graça!
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Imagem roubada, a título de empréstimo, ao site do MUDE |
Pois é, a entrada no
MUDE é gratuita (ainda). Se partilham do meu gosto por
design ou se são apreciadores de peças de vestuário inovadoras, criadas por
designers de moda famosos, talvez fosse bom aproveitarem e fazerem-lhe uma visitinha, enquanto não se lembram de começar a cobrar bilhetes a peso de ouro!
por Mammy, em 31.10.11
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Folheto da peça |
Finalmente, consegui ir ver As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant.
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia!!!!
Posso dizer-vos que satisfez as minhas expectativas, que eram um tanto ou quanto elevadas.
A peça apresenta-nos o amor (personificado e centrado num triângulo amoroso constituído por 3 mulheres, que podiam ser 3 homens ou uma mistura de pessoas dos dois sexos), as relações onde o sujeito que ama não é, simultaneamente, o objecto de amor do outro, o desejo, a rejeição e o desespero a ela associado. É uma peça forte que nos deixa a pensar na veracidade das relações, na sua intensidade, no seu poder e nas suas consequências...
As seis actrizes que dão corpo às personagens, também lhes dão alma e fazem-nos acreditar que aquelas pessoas existem à nossa volta, mais próximas e mais reais do que poderíamos imaginar...
Recomendo a quem gosta que o teatro o faça interrogar-se, mas não aconselho a quem pretender sair da sala com a mesma leveza com que entrou...
por Mammy, em 28.10.11
Adoro o céu! É aquela personagem que está sempre presente na minha história, para a qual olho e sinto qualquer coisa de muito forte. O céu persegue-me e eu a ele, sempre. Como pessoa temperamental que sou, deixo que seja ele a ditar o meu estado de espírito diariamente e tanto me dá conforto e segurança, como me dá uma irritação terrível.
Não pensem que isto tem alguma conotação religiosa, até porque eu não tenho religião, nem sequer acredito em Deus ou Deuses. Respeito as crenças dos outros, porque acredito que elas lhes dão força para enfrentarem as coisas da vida e porque é um direito de cada um ir buscar forças onde bem entender. Porém, eu não acredito, que se houvesse um Deus ou Deuses, ele(s) permitiria(m) tanta injustiça, como a que há neste mundo.
Desculpem-me os mais crentes, que dirão que a injustiça faz parte do ensinamento de Deus, mas isso é uma treta! Se existisse um Deus todo-poderoso, ele já teria percebido que a altura de mudar de estratégia já tinha chegado, há muito tempo, pois esta não tem dado grandes resultados. Continua a haver guerra, fome, miséria, doenças cruéis e uma data de sacanas impunes. Há gente boa a sofrer p'ra caraças e má com uma vidinha maravilhosa! O castigo está depois da morte? O quê, vão para o paraíso ou para inferno? Que interesse tem ir para o paraíso, depois de se viver o inferno aqui na terra, ou vice-versa? A única vida que sabemos real é esta e é esta que temos que viver o melhor possível, senão nem sequer vale a pena estarmos aqui...
Atenção, não estou, de maneira nenhuma, a enxovalhar as vossas ideias religiosas, como já disse, respeito-as profundamente, mas como as respeito, peço-vos que respeitem a minha descrença e o meu ateísmo!
Poderão dizer-me "quando estiveres em apuros, vais ver se não vais rezar!". Já estive em apuros várias vezes e rezei, fiz mesinhas e tudo o mais que se faz quando se está, realmente, em apuros! Mas continuo a não acreditar que quem me salvou foi Deus ou o Diabo! Acredito no acaso, tanto para as coisas más como para as boas e acredito que nós podemos ter alguma mão nele. Para mim, a vida é constituída por uma quantidade de acontecimentos aleatórios, cuja resolução está na capacidade que temos em lidar com eles. Se lidamos bem, somos felizes; se não lidamos bem, somos uns tristes que se arrastam perante as dificuldades, que se queixam por tudo e por nada e não vivem. E depois da morte? Depois da morte, tudo acabou! Se houver alguma coisa que se lhe segue, nessa altura, preocupamo-nos com isso, pois de nada vale, sofrer por antecipação...
Voltando ao meu céu adorado, que é por ele que hoje escrevo, se mo tirassem, tenho a certeza que morreria... O céu azul, cinzento, negro, com sol, com nuvens, chuva, neve ou estrelas, não pode estar nunca ausente, pois é ele que me tem acompanhado nestes caminhos sinuosos da vida e me tem abraçado com a sua imensidão, sempre que preciso. É a ele, que através de um breve olhar, vou buscar a minha disposição do dia e a forma com que lido com os acontecimentos que me esperam. Se ele não estivesse lá, eu não saberia como viver, não teria aquela disposição, naquele momento, nem agiria daquela maneira naquele instante. Não pretendo com isto dizer, que tenho sempre a atitude certa, mas independentemente de certa ou errada, é a minha maneira de agir e é essa forma de actuar que determina o que sou hoje e o que serei amanhã e, a pouco e pouco, me vai definindo enquanto pessoa.
por Mammy, em 27.10.11
Se há coisas de que não me posso queixar (se me ouvirem nem que seja numas breves lamurias, batam-me, por favor!) são o meu filho não comer ou não dormir bem.
Desde sempre que o miúdo cá de casa é bom a comer e a dormir. Posso até dizer que se especializou na coisa...
Enquanto mamava, nunca chorou com fome, nem me fez chorar por não comer e com um mês de idade já dormia a noite toda, de tal maneira que eu tinha que ir lá acordá-lo para lhe dar de mamar (esta mãe é mesmo má!).
Agora, come praticamente tudo, acompanha-nos na comida indiana, na chinesa, na japonesa e até na portuguesa, vejam só! Não faz fitas à mesa e a sopa é o prato que come com mais satisfação!
(Já estão cheios de inveja, não é? Então esperem um pouco, que o melhor ainda está para vir...)
Com seis meses, a cama dele saiu do nosso quarto e foi para o dele, sem choros de arrancar os cabelos, assim pacificamente...
Nunca adormeceu na nossa cama, a não ser em raríssimas excepções: quando estava doente ou quando "estava a ser atacado pelos monstros do escuro".
(Eu sei, eu sei, já se estão a roer todos de tanta inveja...)
É verdade, que nós usamos, todos os dias, a técnica da história antes de dormir, que dá belíssimos resultados, acreditem! É um momento de partilha, mimos e atenção exclusiva, que mal termina, o deixa pronto para dormir, que nem um anjinho, pela noite dentro.
Claro que também tem os seus medos, pesadelos e, às vezes, dificuldades em adormecer (pronto, comecem lá a saltitar de alegria!), mas são raros e se lhe deixarmos uma luzinha acesa numa divisão próxima, o medo não lhe assiste com tanta frequência...
E com isto, relembro-vos que se me ouvirem, ou lerem, queixar de uma destas coisas, façam favor de fazer o gosto ao dedo, pois estão autorizados a espancarem-me violentamente...
por Mammy, em 26.10.11
A máquina trabalha incansavelmente sempre ao mesmo ritmo. Faz o mesmo trabalho diariamente sem saber que o faz, repete, e repete, e repete...
A máquina não aceita velocidades sem ritmo, cadências desgovernadas, não aceita desequilíbrios, formatos diferentes... Trabalha independentemente da sua vontade e para isso, basta que lhe carreguem no on... Se por algum motivo pára ou dá erro, alguém tem que o resolver e voltar a pô-la a trabalhar... Só faz aquilo para o qual está programada, tudo o que fuja aos parâmetros convencionais, não está habilitada e pára, apita, dá erro. Se há algumas que permitem ser reprogramadas ou actualizadas, outras não... E ficam no mesmo movimento até que, enfim, alguém, cansado do seu barulho, ou do seu movimento monótono, prima off.
Se, por exemplo, observarmos com atenção, a máquina que coloca tampas em garrafas, podemos perceber facilmente que se lá pusermos um copo, ela não o tapa, deixa cair a tampa no seu interior como se não se tratasse de um copo e continua a trabalhar na sua intensa monotonia cadenciada. Ela não vê o copo, ela nem sabe que é um copo, porque só está programada para a garrafa. E o copo não fica tapado...
Se há monotonia que incomoda é a do ser humano que, tal máquina, cego da repetição do seu movimento e alheio à competência do seu gesto, carrega sempre na mesma tecla e carrega, e carrega, e carrega...
Por mais trombadas que leve, não aprende e mal cesse a dor que elas lhe provocam, continua a carregar na tecla para a qual está programado, sem dar espaço a reprogramações ou actualizações... E o pior de tudo isto, é que este não tem botão de off...
por Mammy, em 25.10.11
Enquanto procurava o tal livro que explica como se fazem os bebés, encontrei estes dois. São histórias contadas ao contrário, onde conhecemos uma princesa que salva o príncipe, um burro inteligente, uma bruxa boa, um fantasma assustado, um rei sem trono e uma variadíssima quantidade de outras personagens divertidas que nos são apresentadas através de histórias que são, também, cantadas.
Cada um deles traz um CD, com as músicas que podemos ouvir e dançar. São uns livros engraçados que tornam as personagens-tipo das histórias para crianças em atípicas e mostram às crianças que tudo tem um outro lado e que as pessoas não são estandardizadas. Os mais pequeninos vão gostar e os maiorezinhos não desgostarão, com certeza...
por Mammy, em 25.10.11
Este fim-de-semana, tivemos a notícia de mais uma criança que se suicidou. Os motivos apontados são ter sido vítima de bullying e tratar-se de uma criança hiperactiva.
Ouvi, no programa da Sic, Querida Júlia, o jornalista Hernâni Carvalho e o psicólogo forense Paulo Sargento exprimirem algumas dúvidas quanto à escolha do método de suicídio para um menino de 10 anos.
Pelo que me pareceu ainda não há a certeza que se tratou realmente de um suicídio. Se não foi um suicídio possivelmente terá sido um homicídio... Um acidente parece-me menos provável...
Tanto no caso de um suicídio, de um homicídio, ou de um acidente esta história encheu-me de medo, muito medo, porque me fez tomar consciência (mais uma vez) que eu não consigo proteger o meu filho, nem dele próprio, nem dos outros, nem do mundo...
E reportou-me para quando ele esteve mais perto do outro lado do que deste e não pude fazer nada para o proteger...
Não estava com ele quando teve o acidente, não o acalmei no momento de pânico, não fui com ele na ambulância, não o salvei. Todas estas coisas foram feitas por outras pessoas e não por mim, que sou a mãe... Era eu que devia tê-lo salvado e não os médicos, porque eu é que sou a mãe e as mães é que deviam ter esta capacidade de salvar os filhos, de os proteger dentro de uma redoma de amor implacável!
A consciência desta incapacidade atormenta-me, porque antes do J. ter sofrido o que sofreu, eu achava que era capaz de o proteger contra tudo e todos (eu até me tornava numa fera quando sentia algum perigo em volta dele), mas não sou e nenhuma mãe o é... Infelizmente...