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A Malinha

por Mammy, em 30.01.12
Imagem retirada da Internet 

Ao contrário do mais comum dos mortais, o meu filho não precisa de ar para respirar, em vez de ar, ele respira basquetebol por todos os poros.

Ele sabe os nomes das estrelas da NBA antigas e actuais, os nomes dos clubes, o ano em que o Michael Jordan deixou de jogar, encesta com uma bola imaginária a cada cinco minutos, saltita entre o cesto e a bola minúscula que tem no quarto, o jogo da NBA da Playstation e os jogos de basquetebol que dão na televisão e no tempo livre que lhe resta, tem treinos, jogos e pede-nos para irmos com ele a um cesto que há na rua, aqui perto de casa.
Tirem-lhe o basquete e ele fica em hiperventilação.

Tem o seu futuro meticulosamente programado. Vai jogar na NBA quando tiver exactamente 21 anos. Para isso, vai primeiro estudar para a universidade de Alabama nos EUA, a fim de ser seleccionado como jogador dos Miami Heat na NBA.
Tudo muito bem pensado e fácil, fácil de se realizar...

Expôs-nos este seu projecto de vida com a simplicidade com que só uma criança de 7 anos pode ver a vida.
Começámos a fazer-lhe perguntas para vermos até onde ia a sua determinação...
-Como vais falar com os teus colegas de equipa nos EUA? Não sabes falar inglês...
-Mas estou a aprender. Já posso falar com eles sobre o tempo. It's sunny! Vês?
-E quando nos vens visitar? Vais ficar lá muito tempo...
-Eu venho cá em Outubro, na altura do Halloween, para não estar lá a ver aquela gente toda mascarada de monstros.
-Só nos vamos ver uma vez por ano?
-Sim, porque depois eu vou ter jogos e não posso vir cá.
-E como vais estudar para os EUA? Não temos dinheiro para isso...
-Levo a malinha!
-Qual malinha?
-Aquela malinha das notas!
Comecei a fazer uma busca mental de todas as malinhas dele, sem descobrir nenhuma que tivesse notas...
-Qual malinha das notas?
-Aquela das boas notas! Vou estudar muito para ter uma malinha cheia de boas notas!
-Ah! Estás a falar de uma bolsa de estudo?
-Sim! É isso!
-Para teres uma bolsa de estudo, vais ter que trabalhar muito...
-Eu sei e vou trabalhar... Até podia tirar cá um curso antes, de jornalista, por exemplo. Quanto tempo demora esse curso?
-Três ou quatro anos.
-Então não dá! Eu vou para a NBA aos 21 e antes tenho que estudar lá na universidade. Olha, não tiro o curso para ser jornalista.

Ficámos sem argumentos...

publicado às 13:35

Avôzinho

por Mammy, em 29.01.12

O meu avô:
É culpado de muitas coisas... É culpado de ter sido um pai ausente, é culpado de ter sido um negociante inveterado, é culpado de ter sido um patrão sem escrúpulos, mas, para mim, a sua maior culpa foi ter-se ido embora e ter deixado o mundo mais pobre.
De tantas culpas, as que ficaram na memória da maioria de nós, foi a de pai ausente para os filhos e a de avô magnífico para os netos que tiveram a oportunidade de privar com ele.

O meu avô ensinou-me:
A chamar "bicho, bicho, bicho" aos gatos para que viessem comer;
A encher os pneus da bicicleta;
Que as plantas precisavam de carinho para crescerem mais fortes;
Que todas as ferramentas tinham um nome;
Que os gatinhos recém-nascidos, rejeitados pelas mães, tinham que ser aquecidos artificialmente para não morrerem.

O meu avô:
Comia sopas de leite com Ovomaltine ao pequeno-almoço;
Conduzia como ninguém;
Fazia uma ginástica matinal que não era mais do que um espreguiçar energético, em tronco nu, na varanda;
Tocava viola para exercitar os dedos que se negavam a responder aos estímulos da sua mente;
Contava o dinheiro que fazia nas vendas numa espécie de ritual que eu adorava: endireitava os cantos das notas, virava todas para o mesmo lado, dava umas cuspidelas nas pontas dos dedos e dedilhava-as meticulosamente numa contagem quase religiosa.
A mão peluda do meu avô, a cheirar a sabonete e com o anel de pedra preta junto à aliança agarrou-me muitas vezes o braço... Numa delas, salvou-me a vida, ao evitar que eu caísse de costas de um muro com aproximadamente 8 metros.

O meu avô:
Fazia barulho a comer a sopa;
Não dispensava um copo de vinho tinto à refeição;
Era guloso;
Dormia a sesta todos os dias, estivesse onde estivesse, dormia até em pé, nas bichas das Finanças.

O meu avô:
Foi uma das pessoas mais importantes na minha infância;
Partiu sem que eu me conseguisse despedir, talvez por negação da hipótese da sua partida;
Teve uma morte lenta e o silêncio que se impôs nunca permitiu que se queixasse;
Sofreu por todas as culpas que lhe atribuem;
Faz parte de mim e vive dentro do meu coração...

Por vezes, chamo-o nos sonhos:
-Avôzinho, diz-me tu, úh úh, úh úh!!!!


publicado às 14:54

Da Blogosfera

por Mammy, em 27.01.12
Sou uma novata nestas andanças da blogosfera. Este blogue ainda não fez seis meses e, antes de o criar, não costumava andar a visitar blogues. Usava o computador para trabalhar, estudar e para pesquisar coisitas na Net, nada mais.
Entretanto, fiquei desempregada, abri uma conta no Facebook, outra no Twitter, outra no Google + e criei este blogue numa noite de insónias.
O que inicialmente serviu para me distrair, começou a tomar proporções maiores e interessei-me em tentar conhecer os mais variados tipos de blogues.

Esta, foi uma boa descoberta que me tem proporcionado ter uma visão mais alargada, apesar de um pouco simplista dada a minha ignorância na matéria, deste vasto mundo que é a blogosfera.
Nesta viagem bloguótica, tenho encontrado uns blogues maravilhosos, outros nem por isso; autores que escrevem brilhantemente e outros nem tanto... Nos textos dos autores que escrevem bem, por vezes, deparo-me com coisas interessantíssimas, outras vezes, deparo-me com ideias tão tristes, que desvirtuam a própria escrita. Em contrapartida, há autores que, não possuindo o brilhantismo da escrita, têm ideias geniais...
Enfim, por aqui há de tudo!

(Uma coisa que me tem feito um pouco de confusão é o sucesso dos blogues inteiramente dedicados a futilidades. Não sei se será porque as pessoas precisam das futilidades para se abstraírem da dura realidade que vivem, se será porque são mesmo fúteis. Entre uma e outra, prefiro acreditar na primeira opção!)

Sou leitora assídua de vários blogues, uns por gostar do que lá está escrito, outros por simpatizar com os autores, outros pelas duas razões e outros ainda só para ver "que raio de porcaria vão inventar desta vez". Confessar isto pode parecer-vos um pouco suicida, mas de facto não é, pois nunca comento o que acho uma porcaria, não sou daquelas leitoras que desatam a insultar o blogger, ou porque acham que o que disse é uma mentira descarada, ou porque não gostam dele por qualquer razão, ou ainda porque não têm mais nada para fazer senão azucrinar os outros.
Na realidade, é por ler muita coisa e, apenas comentar algumas que defendo sempre, com unhas e dentes, a liberdade de expressão. Acho que todos têm o direito de dizerem o que quiserem, desde que não prejudiquem ninguém e nós, leitores, só lemos o que queremos; se não gostamos, ou não lemos, ou discutimos o assunto civilizada e construtivamente.
Pessoalmente, gosto de discutir quando acho que vale a pena, quando acho que as diferenças entre mim e o interlocutor não são enormes, quando acho que depois da discussão se vai "fazer luz" para ambos os lados. Se não acho nenhuma destas coisas, remeto-me ao silêncio e, podem ter a certeza, quando eu me remeto ao silêncio, se não for porque não vi, não tive tempo ou não me apeteceu comentar, é porque estou convicta que não vale mesmo a pena perder tempo com aquilo que, para mim, é idiotice.

E é por tanto acreditar na liberdade de expressão e em que toda a opinião é válida, mesmo quando diferente da nossa, que vos informo:
Aqui, não me verão dizer mal só por dizer, criticar sem nenhum fim construtivo não é comigo, pois a maledicência é um feito de quem possui um carácter menor (e agora podem chamar-me convencida à vontade), o meu está um bocadinho acima. Ah pois está!

publicado às 19:19

Menino Triste

por Mammy, em 25.01.12
Há um menino, que vejo todos os dias à porta da escola do J., que tem um olhar de uma tristeza, que me corta o coração...
Ele conhece-me e sorri para mim, esboça-me um sorriso tão triste, quanto o seu olhar... Apetece-me abraçá-lo, eu que não gosto de abraços, fico cheia de vontade de o abraçar e dizer-lhe "não fiques triste, eu gosto de ti", mas não abraço e não digo... Fico ali só a sorrir-lhe e a recalcar a minha vontade... Que triste que eu sou!

Quando o pai chega, ele desvia os olhos de mim, como se fosse uma vergonha olhar para outro lado que não o chão, e o braço do pai, pesado, sobre os seus pequenos ombros encaminha-o para longe da escola, dos olhares, dos amigos, de mim... Ele afasta-se, mas a sua tristeza cola-se-me à alma...
Sei que este menino é agressivo com os colegas, sei que se mete em brigas com muita facilidade e penso no que raio se passará para ele sentir aquela tristeza toda e deixá-la apoderar-se dele...

Cada vez que o vejo, tenho esperança que o seu sorriso já não seja tão triste... 

Mas todos os dias, o sorriso que me reserva é um grito mudo que me rasga por dentro e, em jeito de resposta, eu tento dizer-lhe baixinho, só com o olhar:

Gosto de ti!

publicado às 19:29

O Hélio

por Mammy, em 23.01.12
Ontem, o J. foi à festa de anos de uma colega. Quando o fomos buscar, vinha com um balão, que segundo ele, não largou durante a festa.
A curiosidade que o caracteriza, levou-o a perguntar-nos porque é que este balão ficava sempre no ar, não caia para o chão e quando o largávamos ficava colado ao tecto. Ao que lhe respondemos que este balão, ao contrário dos que ele estava habituado e que eram cheios de ar, estava cheio de um gás - o Hélio - que o fazia ficar no ar.

Satisfeita a curiosidade, o J. disse:
-Este balão é meu amigo!
-Sim? E como se chama o teu amigo? - perguntámos nós.
-Hélio! O Hélio vai andar comigo para todo o lado!
-Hummmm!!!

E foi verdade, o Hélio acompanhou-o durante o jantar, ficando colado ao tecto por cima dele, foi, amarrado ao seu pulso, para a casa de banho e esperou pacientemente que o J. fizesse o seu cocó e lesse o seu livrinho e, quando o J. se foi deitar ficou toda a noite junto à sua cama.

Mas durante a noite o Hélio foi perdendo o Hélio e foi descendo até ficar rente ao chão e quando o J. acordou, o amigo já não era o mesmo... Mas o J. continuou a passeá-lo pela casa e queria levá-lo para a escola. Não deixámos. 

O J. foi para a escola e deixou o amigo, à sua espera, em cima do armário para o gato não lhe chegar.

Agora o Hélio está a ficar murchinho... 
Só espero, que quando o J. chegar, não fique também murchinho por ver o amigo assim...

publicado às 15:40

Correcção

por Mammy, em 22.01.12
Afinal, cada ano de vida de um cavalo não corresponde a 4 anos dos nossos, corresponde sim a, mais ou menos, 3.
Como poderão ver neste quadro:



Cavalo
[Error: Irreparable invalid markup ('<td [...] 150?>') in entry. Owner must fix manually. Raw contents below.]

<div style="text-align: justify;">Afinal, cada ano de vida de um cavalo não corresponde a 4 anos dos nossos, corresponde sim a, mais ou menos, 3.</div><div style="text-align: justify;">Como poderão ver neste quadro:</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"></div><br /><center style="background-color: white;"><table border="1" style="width: 300px;"><tbody><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;" width="150"><br /><center>Cavalo</center></td><td 150?="" class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;"><br /><center>Ser humano</center></td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">1 ano</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">10 anos</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">4 anos</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">17 "</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">10 "</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">35 "</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">15 "</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">50 "</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">20 "</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">60 "</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">30 "</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">80 "</td></tr><tr><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">33 "</td><td class="style5" style="font-family: Verdana, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 10px;">90 "</td></tr></tbody></table></center><br /><div style="text-align: center;"><span style="font-size: xx-small;">Quadro retirado <a href="http://www.mundoequino.com.br/curiosidades1.html" rel="noopener">DAQUI</a></span></div>A minha velhota estará perto dos 70 anos. No entanto, um cavalo vive em média 25 anos, podendo chegar aos 30.<br />Estava a fazê-la mais velha do que é...

publicado às 15:15

A Minha Velhota

por Mammy, em 22.01.12
Ontem, fomos visitar a minha velhota. 
A minha velhota tem 23 anos. Não vos parece velha, pois não? Se vos disser que a minha velhota é uma égua e que cada ano, para um cavalo, corresponde a sensivelmente 4 anos dos nossos, talvez mudem de opinião... Se fizermos as contas, ela terá, mais ou menos, 92 anos. Velhinha, não?

Fui levar-lhe vitaminas, um cobrejão (manta) e desparasitante para que aguente o rigor do Inverno. Estivemos a limpá-la e a untar-lhes os cascos, demos-lhe guloseimas, beijinhos e abraços. 
O J. andou um bocadinho em cima dela, sem arreio, sem cabeçada, sem rédeas... Ela andou devagarinho atrás de mim com cuidado para ele não cair...


Tenho tantas saudades dos passeios que dávamos as duas, só nós as duas... 
Em manhãs, como a de hoje, lá íamos nós pelos montes e vales, a passo, a trote, a galope... Parávamos onde havia erva fresca, eu desmontava e sentava-me no chão a vê-la pastar... Era tão bom! Eram momentos só nossos... Tenho pena de nunca mais a poder montar! Ela está velhota e coxa, mas continua a minha amiga linda, que entende cada gesto meu, cada som, cada pensamento... Segue-me para todo o lado como se fosse um cão, lambe-me as mãos, deixa-me passar por baixo dela, coça a cara em mim como se eu também fosse um cavalo, coça-me as costas com os lábios... Quando a abraço por baixo do pescoço, ela carrega o queixo nas minhas costas como que a retribuir o abraço, a minha velhota... 

A minha éguita está velhota e, um dia, vou ter um desgosto, eu sei... Mas consola-me pensar que ninguém me tira o prazer de recordar os momentos que passámos juntas, que ninguém me tira a nossa história que é de amizade e de amor.


Correcção

publicado às 14:03

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