por Mammy, em 31.03.12
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Estou a passar por uma fase um bocado estranha...
Sinto-me sozinha, mas esta solidão é provocada por uma quase auto-reclusão, sou eu que me isolo do que me rodeia, pessoas incluídas, parece que me fechei num mundinho só meu. Vivo nos meus pensamentos, mas não vivo na realidade, existo numa espécie de ficção.
Tenho a sensação que não deixo ninguém chegar realmente até mim. É como se tivesse construído uma barreira entre mim e o mundo. Quero derrubá-la, mas, ao mesmo tempo, não quero. Vou sempre construindo novas fileiras de tijolos e tenho medo de, um dia, já não conseguir ver para lá da barreira que eu própria construí sem ter que me pôr em cima de uma escada, ou de quando me empoleirar para espreitar para o outro lado, já não estar lá ninguém.
Viver alienada neste submundo imaginário não me está a fazer bem...
Preciso de férias, férias de mim.
por Mammy, em 28.03.12
Ando sem paciência para Chicos-Espertos. Para os que estão sempre a tentar passar à frente dos outros no trânsito ou nas bichas dos supermercados, para os que fingem que não vêem as grávidas e os velhotes nos comboios só para não lhes darem o lugar, para os que vêm com conversas parvas a tentar darem-nos uma grande tanga, para os vendedores de banha-da-cobra, para os que se julgam dotados de uma lábia e de um poder de manipulação infalíveis, enfim para toda essa vasta colecção de Chicos-Espertos.
Será que não têm consciência que são chatos? Ainda não perceberam que, quem vive neste país há uns aninhos, já os conhece de ginjeira e que os identifica a quilómetros de distância?
Inovem lá um bocadinho, por favor e, pelo menos, tentem usar esses vossos cérebros maravilha para saírem da monotonia de serem Chicos-Espertos, de baixo nível a tempo inteiro, e ousem surpreender-nos com criatividade e imaginação! Uma originalidadezita, só para variar, já nos faz ficar radiantes.
Arranjem novas estratégias, por favor! Não é preciso ser-se nenhum génio, puxar só um bocadinho pela imaginação é suficiente.
Vá lá, eu sei que vocês conseguem!
As buzinadelas e os encontrões para passar à frente, o olhar para o infinito na tentativa que fiquemos com a sensação que não estão a ver nada e esse "blá blá blá" e mais "blá blá blá" já não pegam. Sejam criativos, porra!
As tacadinhas indirectas também já não têm piada, já estão tão vistas, mas tão vistas, que falham redondamente no efeito surpresa. Estão ruças de tão usadas! Comprem novas, ou tinjam as velhas, mas por favor, não as usem assim!
Sabemos logo que são para nós e, sim, claro que vocês são muito mais espertos, e inteligentes, e cultos, e sabem enganar os outros como ninguém... Sabem? Não sabem nada, porque já toda a gente se apercebeu que a vossa intenção é essa! Vocês é que ainda não perceberam que esse método já não funciona!
INOVEM o vosso cardápio de sacanices, experimentem receitas novas, elaborem novos sabores, aromas e formas de degustação, que nós agradecemos, vocês são capazes de ganhar alguma coisa com isso e no fim até, talvez, consigam mesmo enganar alguém!
por Mammy, em 25.03.12
Em tempos, quando ainda era muito verde nesta coisa de ser mãe, cometi alguns exageros. Tinha demasiado cuidado com a chucha que caía ao chão, com a esterilização dos biberões, com as mãos lavadas para mexer no bebé, enfim, com essas coisas de galináceas que algumas de nós adoptamos.
Confesso que não era muito ponderada e que levava a higiene muito a sério no que dizia respeito ao meu filho bebé.
Ele cresceu um bocadinho e eu fui-me apercebendo que não o podia enfiar dentro de uma redoma de vidro.
Quando ele fez mais ou menos um ano de idade, comecei a libertar-me e a libertá-lo. Lentamente, fui percebendo que as crianças só conseguem produzir imunidades se tiverem algum contacto com bactérias e com toda essa bicharada microscópica.
Nunca cheguei ao ponto de o desinfectar, mas sei que há quem esteja muito perto disso.
Hoje, que estou num processo de amadurecimento da minha faceta maternal, posso dizer que a minha visão relativamente a este assunto está muito longe do que era inicialmente.
Hoje, sou uma acérrima defensora da existência de alguma porcaria na vida das crianças.
Não gosto de ver crianças esterilizadas. Não gosto de ver pais que impedem os filhos de rebolar na terra, na relva ou que lhes ralham cada vez que fazem uma nódoa na roupinha de ir a casamentos com que os vestem.
Acho que as crianças precisam de ter liberdade de movimentos, de sujar a roupa e as mãos, de mexer nos bichos e de uma quantidade razoável de vitamina M (de mer**), como a minha avó lhe chama.
Fazem-me impressão as crianças vestidas de adultos e com comportamentos de adultos, cheias de cuidados infundados com a roupa e com a aparência. Fazem-me impressão os adultos que exigem que as crianças digam "com licença" quando ainda não sabem sequer pronunciar bem as palavras.
Atenção, que também não sou a favor da má-educação, antes pelo contrário, mas acho que as regras de etiqueta que contemplam os "obrigados", os "se faz favor" ou os famosos "com licença" têm que ser introduzidas progressivamente e têm que vir essencialmente através de valores muito mais altos do que estas simples palavras, como, por exemplo, através da consciência do que é o respeito pelo próximo.
Se uma criança souber respeitar os outros desde tenra idade, todas essas palavras bonitas vêm naturalmente e por sua auto-recriação, sem que ninguém tenha que lhas impingir, bastando apenas dar-lhes o exemplo fazendo-as ouvi-las com regularidade.
O excesso de preocupação dos pais pela boa educação dos filhos, muitas vezes, fica limitado à utilização destas normas sociais e acaba por menosprezar outros princípios que, na minha opinião, são muito mais importantes para o seu crescimento saudável e para a relação com o mundo que os rodeia.
Ver crianças que ignoram totalmente o que os adultos lhes dizem, que a qualquer chamada de atenção, respondem mal ou reagem com agressividade e prepotência, preocupa-me mais do que ver crianças com a roupa suja que depois de nos darem um encontrão, que não foi precedido de um "com licença", ficam genuinamente preocupadas se ficámos magoados.
Mas isto sou eu que, como já devem ter reparado, sou meia estranha!
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por Mammy, em 23.03.12
Já o disse aqui e volto a repetir: Detesto extremismos!
As pessoas extremistas são cegas de um olho.
O outro olho, o que ainda vê alguma coisa, enxerga mal, muito mal e a má visão é agravada pelo estrabismo do olho vidente, que só as deixa ver em determinada direcção.
Os extremistas, estejam de que lado estiverem, só têm a percepção do outro extremo para o tentarem aniquilar ou converter, converter aos seus ideais, que são, geralmente, qualquer coisa tendencialmente fundamentalista. A intenção dos extremistas não é mudar nada e, se alguma vez vos disseram isso, enganaram-vos.
Os extremistas fazem-me lembrar aquelas pessoas que não viram a medalha por não quererem ver o seu reverso e, que quando o fazem, fazem-no muito discretamente para ninguém notar e cheias de medo de passarem a gostar mais da face inversa.
Ontem, assisti a imensas discussões, no Facebook e no Twitter, sobre a carga policial infligida a jornalistas e manifestantes e fiquei com aquela sensação estranha que estas discussões não servem para outra coisa senão para as pessoas se agredirem mutuamente (neste caso, apenas de uma forma verbal e virtual, mas aposto que se estivessem cara-a-cara, de certeza que continuariam os confrontos que a polícia e os manifestantes deixaram a meio!).
(Pensando bem, talvez assim até seja melhor, pois todos podem expiar as suas frustrações sem falarem alto, nem derramarem sangue, o que nos poupa a alguma poluição sonora e torna tudo muito mais higiénico.)
Nas ditas discussões, os apoiantes dos manifestantes desataram num disparate de ofensas aos polícias. Por sua vez, os apoiantes da polícia (alguns deles declaradamente polícias), desataram num disparate de argumentos para justificar o injustificável.
A violência desmesurada não tem justificação possível em nenhum dos extremos da barricada. Nem do lado dos manifestantes, que atiram pedras e ofendem as forças policiais, nem do lado da polícia, que lhes responde com pontapés e bastonadas a torto e a direito.
Não consigo defender ninguém, sem os defender a todos, tal como não consigo apontar o dedo a uns, sem apontar o dedo aos outros.
Lembro que a polícia, apesar de dar a cara pelo governo que a comanda, é constituída por homens e mulheres igualmente descontentes com a situação que o país atravessa e relembro as várias lutas que a PSP tem travado pelos seus direitos, sem ser atendida. E, como homens e mulheres limitados, das mais variadas formas, ao poder de contestação, também sentem revolta e indignação, que muitas vezes se reflectem em atitudes grosseiras e abusivas.
Os manifestantes, portadores de todo o legítimo direito a manifestarem-se, não devem, em caso algum, ser agredidos, física ou psicologicamente, pelas forças policiais, muito menos da forma grotesca como foram.
Os jornalistas, para fazerem o seu trabalho, estão bem no centro da batalha, e é ali que devem estar, pois só ali podem testemunhar os acontecimentos e as movimentações de ambos os lados. Eles arriscam-se (tal como os seus colegas especializados em guerras se arriscam a levar um tiro, com uma granada ou a pisarem uma mina) a levar uma bastonada, com uma pedra da calçada ou uma chávena de café na cabeça.
Eu acho que a grande nobreza desta profissão situa-se precisamente no risco que correm para nos informarem e para denunciarem as atrocidades cometidas por este mundo fora.
Se os polícias agiram mal, que agiram, os manifestantes também não se portaram muito bem, pois atirar pedras, chávenas de café, ou ovos não me parece que contribua positivamente para se fazerem ouvir.
E os jornalistas? Esses arriscam-se.
É por assistir a este tipo de debates que acho que o extremismo é contra-evolução e que quem só vê um lado da questão, não vê a questão toda e nunca lhe conseguirá dar uma resposta à altura.
Por fim, não quero abandonar este texto, sem antes lembrar o seguinte:
Enquanto andam todos distraídos à sapatada uns aos outros - manifestantes e seus defensores contra polícias e seus defensores - o governo continua a olhar-nos, lá bem de cima, com ar altivo, a fazer das nossas vidas o que bem entende, a tirar-nos A TODOS direitos e, sem dúvida, a pensar "que estúpido é este povo!".
E eu não lhe posso tirar a razão, porque enquanto o povo não se unir pelo bem COMUM, não deixará de ser, um tanto ou quanto, estúpido!
por Mammy, em 20.03.12
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Hoje, não fales comigo. Tenho que estar concentrado. Por favor, não me venhas falar de desgraças.
Não, não quero saber do Passos, do Gaspar, do Relvas ou da Troika...
Hoje, o meu Benfica vai jogar contra aqueles "morcões"! E vai ganhar, olá se vai!!!
Se o Glorioso ganhar, até beijo o Passos, o meu amigalhaço! Até lhe dou uns trocos, de bom grado, para ajudar a pagar a penhora deste país! Sim, porque hoje nada mais me interessa... E eu pago para ver o Benfica ganhar, pago o coiro e o cabelo se for preciso, desde que ganhe.
Claro que é só com esta condição, porque eu, benfiquista de corpo e alma, sou um gajo exigente, exigentíssimo!
Olha, vai começar...
Agora, CA-LU-DA! Só quero ouvir o comentador!
Querida, podes sair com as tuas amigas, vai e leva aquele teu amigo com quem costumas dormir, quando eu não estou.
Só não venham é cá para casa, que eu tenho que ver a bola. Vai lá!
Sim, sim, mas sai da frente da televisão...
O que é que estás a dizer? A minha mãe foi para o hospital?! Não podemos falar sobre isso no intervalo?
Goooolooooo!!!!!
Espera, espera só um bocadinho...
Vai, vai, vai!!!! Porra, este árbitro é mesmo uma merda! Foi falta! 'Tás zarolho, ou quê???
Diz????
Ah, a minha mãe... Mas que raio!!! A velha tem estado tão bem e, logo hoje, foi-lhe dar o fanico!...
Depois do jogo, vou visitá-la, ok? Está bem assim? Já não te zangas?
Agora, vai-te embora que chegas atrasada...
Ai!!! Mas o que é que o cabrão do puto está a fazer em frente da televisão? E tu deixas?
Eh pá, também não serves para nada, mulher! Tira-me mas é o puto daí, antes que eu lhe dê um chapadão!
Ah, e já que vais à cozinha traz-me mais uma "mine"!
Pronto, se faz favor! Estás contente, agora?
Não ias sair? Aproveita que eu hoje estou bem disposto... Amanhã já não é dia de jogo...
Olha, e leva o puto contigo.
Então, deixa-o na minha mãe...
Ah pois, ela está no hospital... Então, deixa-o na tua!
Porra, mas ainda não te foste embora?!
Podes, por favor, deixar-me ver o jogo?!
Aviso: O doente em causa podia ser adepto do Sporting, do Porto ou de outro clube qualquer.
por Mammy, em 19.03.12
Aquele homem grande nasceu numa ilha. Viveu os primeiros anos da sua vida rodeado por mar, pelo mesmo mar que hoje lhe devolve a tranquilidade quando larga o computador da sua informática e se agarra à cana de pesca para pescar peixes e sonhos... Sonhos da criança que ainda vive nele, sonhos da criança que nunca o largou...
Aquele homem grande, um dia, também já foi pequenino e brincou como todos os meninos pequeninos. Correu campos sem fim, saltou, jogou à beira-mar, nadou no mar frio e rebolou na areia como qualquer menino pequenino.
Aquele homem grande, filho de um veterinário e de uma funcionária administrativa, viu o pai sair de casa para tratar dos animais do campo e a mãe a dar-lhe chineladas quando se portava mal. Porque aquele homem grande, um dia, também fez asneiras de criança e também esfolou os joelhos...
Aquele homem grande perdeu o pai cedo, cedo demais... E cresceu, cresceu apoiado no amor da mãe, que à custa de tentar ser mãe e pai, o amou a dobrar...
Aquele homem grande tornou-se num adolescente rebelde da Era da rebeldia, das conquistas, das lutas pelos direitos que hoje são adquiridos... que foram adquiridos por homens grandes como ele.
Aquele homem grande tinha cabelo comprido e montava numa mota que acelerava até ultrapassar o vento, até chegar perto do horizonte, do seu horizonte... dos seus sonhos...
Aquele homem grande foi pai cedo, cedo demais... Com apenas 21 anos, viu sair uma filha, da mulher que amava, num parto do mais natural que a inconsciência juvenil poderia permitir...
Aquele homem grande conseguiu ser um pai com a maturidade que a idade ainda não lhe disponibilizara, mas que a responsabilidade lhe impusera.
Aquele homem grande estava avançado na sua Era e tratou da filha como a maior parte dos pais ainda não conseguia tratar dos filhos. E era ali, onde a ternura e o carinho imensos, que ele transbordava, se reflectiam... Ali, no olhar de uma criança feliz, no olhar de uma criança que se sentia amada...
Aquele homem grande, cujo coração ocupa todo o espaço do seu corpo grande, é meu pai.
por Mammy, em 18.03.12
A Naná do blogue Arrifanasea lançou-me este desafio que tem como propósito contar 11 factos aleatórios sobre mim e responder a mais 11 perguntas da Naná.Obrigada por me escolheres e desculpa o atraso, Naná!
Aviso já que não vou responder a todas as perguntas com a mesma seriedade para vocês não ficarem a saber tanto quanto eu e para este blogue continuar a ter algum interesse (por mais minúsculo que ele seja, o interesse, claro).
11 factos aleatórios sobre mim:
O peixe de que menos gosto é o bacalhau. Verdade, verdadinha! (Portuguesa má!)
Tenho nojo dos cabelos que tiro da escova depois de me pentear. (Traumas da quimio!)
Detesto que me toquem enquanto falam comigo. Quando me dão aquelas cotoveladinhas irritantes, só me apetece esmurrar o meu interlocutor.
Os meus pés cresceram durante a gravidez, passei de sapatos 39/40 para 41. Este facto, impede-me de arranjar sapatos "à senhora". (E aqui que ninguém nos ouve, ainda bem! Thank you, big feet!)
Adoro chá, de todos os tipos e feitios. Bebo litradas dele, se me deixarem!
Não sei desenhar, faço desenhos miseráveis!
Prefiro pessoas assumidamente antipáticas a pessoas cínicas.
Em adolescente, havia uma pessoa que me chamava peixe-espada por eu ser chata e comprida.
A minha vida sexual é um mundo! (Será esta afirmação verdade ou estará aqui só para eu parecer uma pessoa mais interessante e chegar o mais depressa possível ao 11º facto?)
Detesto música pimba!
- Sou impossível de aturar quando tenho fome, frio ou sono. Acho que já tinha dito isto, mas não vou tirar, pois agora já só me falta responder às perguntas! (Com esta última afirmação, não se ficaram a perguntar se o facto nº 9, não será na realidade uma tremenda mentira?)
1. se pudesses beijar alguém inacessível, quem seria? O meu avô.
2. passaste no exame de condução à primeira? Of course! Mas no de código...
3. se pudesses alterar alguma coisa na tua vida, o que seria? Gostava de ter saúde para dar e vender. Venderia alguma, cara, bem cara, ao sr. Ministro da Saúde, só para ele sentir na pele a boa porcaria que anda a fazer.
4. mel ou açúcar? Definitivamente, mel.
5. com quem nunca casarias? Não gosto de casamentos, acho que não são importantes e que qualquer ligação com amor é mera coincidência. Casei-me para legalizar uma situação que seria igualmente boa se continuasse ilegal.
6. se ficasses sem um sentido (visão, olfacto, audição, tacto, paladar), qual deles preferias perder? Não preferia perder nenhum sentido, se pudesse escolher...
7. já traíste alguém? Trair é uma palavra muito forte, não é?
8. se pudesses ser uma estrela de cinema por um dia, quem quererias ser? Ninguém, ser estrela de cinema não faz parte das minhas aspirações.
9. qual o desporto que mais detestas? Boxe. Acho estúpido ver dois estúpidos a esmurrarem-se estupidamente.
10. carro de sonho? Não gosto de carros, prefiro motas e cavalos.
11. história infantil preferida? A minha.
E, só não vou formular perguntas para vocês responderem, porque, sinceramente, prefiro conhecer-vos devagarinho e através dos posts que vão publicando nos vossos blogues.