por Mammy, em 31.12.12
Cometi a insanidade de ir às compras ao Continente em dia de Passagem de Ano. Eu, confessa apaixonada por compras, que se puder delegar essa tarefa a outrem dou saltinhos de alegria, vi-me sozinha e indefesa a aterrar em plena selva consumista.
Desde levar com encontrões distraídos dos chimpanzés saltitões, passando por ver hienas a atravessarem-se-me no caminho de braço estendido em direcção a uma qualquer iguaria tradicional da época (enquanto eu, alheia a tanta selvajaria, contemplava uma prateleira) até ter que me proteger de leões ferozes, de pá em punho, a escavarem a arca dos camarões congelados, como se não houvesse amanhã, aconteceu-me de tudo!
A vontade de fugir era tremenda. Estive quase a jurar que a minha Passagem de Ano ideal seria a comer cereais ao som das doze badaladas e que festejar o primeiro dia do Ano com uma caneca de leitinho com chocolate nas mãos. Esta seria a entrada no Ano Novo perfeita...
Só a consciência da maternidade me impediu de sair dali para fora a correr: o meu filho não podia passar dois dias a comer cereais por causa de uma mãe preguiçosa, que preferiu gastar o fim-de-semana na lãzeira a ir abastecer a despensa!
No preciso momento em que revia mentalmente o meu papel de mãe, sou assaltada pelos meus instintos assassinos mais recalcados: começo a imaginar-me de catana nas mãos a desbravar aquela selva cerrada como se disso dependesse a vida da minha cria.
Nesse instante, começo numa acelerada mutação e, repentinamente, vejo-me transformada numa leoa assanhada!
Mas em vez de satisfazer os meus desejos assassinos e desatar à catanada àquela bicharada toda, agarrei o meu cesto rolante com força e corri para as caixas a todo o vapor.
Afinal, já tinha conseguido recolher os alimentos suficientes para que o meu rebento não se transformasse num Cornflake gigante em apenas dois dias... A porcaria de um saquinho de passas, que havia encontrado desprezado numa bancada apinhada de animais famintos e o Champanhe a fingir, também já cá cantavam...
Podia retirar-me em grande, sem ter cometido nenhum homicídio e, levemente, flutuar rumo a uma meia-noite passada a engolir passas como se de doze comprimidos se tratassem, empurradas por um espumante manhoso que me estamparia trejeitos ainda mais manhosos na face.
2013, por favor, recebe com agrado, e abençoa, esta destemida exploradora de selva urbana!
por Mammy, em 30.12.12
Podia vir para aqui fazer uma revisão sobre o este ano que está, agora, a acabar e que teve mil e uma coisas más, especialmente neste país pequenino e triste que, cada dia que passa, fica mais triste. Mas não a vou fazer.
Porquê?
Primeiro, porque não me apetece. Segundo, porque todos nós a vamos fazendo mentalmente, numa retrospectiva intencional ou... nem tanto assim...
Quero apenas deixar-vos os meus votos sinceros de um óptimo
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Imagem do Google |
com tudo o que vos
FIZER FELIZ!
por Mammy, em 30.12.12
No carro:
- O que se passa J.? A avó disse que não falaste quase nada, nestes dias.
- Não se passa nada.
- Mas tu és tão falador... E agora quase não falas... Passa-se alguma coisa? Se se passar, sabes que podes dizer, não sabes?
- Não se passa nada!
- Mas sabes que, se se passar, podes dizer, não sabes?
- Sei!
- Falar é bom, ajuda os problemas e as coisas que nos chateiam a irem embora!
- Eu sei!
Alguns minutos de silêncio...
- Eu não estou a gostar da minha vida agora!
- Não? Então? Porquê?
- Este mundo não vai durar muito tempo! O buraco está cada vez maior e as pessoas não se importam...
- Qual buraco? O do ozono? É desse que estás a falar?
- Sim! As pessoas não fazem nada para não estragarem o planeta e, assim, ele não vai durar muito tempo.
- Ainda falta algum tempo para o mundo acabar... E as pessoas, algumas pessoas, já fazem alguma coisa para preservar o planeta.
- Sim? O quê?
- Separam os lixos, inventam carros que não poluem tanto...
- Vamos arranjar um carro desses!
- Ainda são muito caros, senão arranjávamos.
- Nós, pelo menos, separamos os lixos todos!
- Pois separamos! Sabes porque é que é bom separarmos os lixos? Porque se não o fizermos, eles vão para as lixeiras (que são descampados, um grande campo sem nada) cheios de plástico e vidro que demoram centenas de anos a decomporem-se. O plástico, com o calor e a humidade, deita gases prejudiciais ao ambiente. O vidro se não se partir demora muitas centenas de anos a decompor-se.
- E agora já não há lixeiras?
- Há, mas têm menos plástico e vidro, e mais produtos biodegradáveis, como os restos de alimentos.
- Ah, mas nós separamos tudo!
- Vês, já estás a fazer alguma coisa para não estragares mais o ozono!
- Mãe, quero ir viver para o campo na Dinamarca! Vocês estão sempre a dizer que querem ir, mas nunca mais vamos...
- Não é assim tão fácil começar uma vida nova noutro país... Além disso, o pai, aqui, tem um trabalho mais ou menos seguro. Lá, vamos ter que arranjar outros trabalhos, o que é um bocado complicado, porque não sabemos falar a língua.
- Mas falamos inglês. Eles falam todos inglês.
- Mas há trabalhos em que é preciso falar dinamarquês, por isso nós temos muito menos hipóteses de arranjar trabalho lá do que os dinamarqueses ou do que alguém que saiba falar a língua. É difícil e teria que ser uma coisa muito bem pensada e preparada, antes de irmos.
- Então, vamos viver para um campo, aqui mesmo, em Portugal, onde o ar seja mais puro.
[Oh, J., se soubesses como é difícil termos "um ar mais puro" neste Portugal, tão poluído por este (des)governo.... Nem a separação de lixos ajuda a melhorar este ambiente!]
por Mammy, em 29.12.12
Sim, apetecia-me escrever qualquer coisa aqui, mas não consigo. Ando bloqueada, vazia talvez. Por mais que esprema, não sai nada, apesar do turbilhão de emoções em que tenho vivido. Choro por tudo e por nada. Especialmente, por nada. O nada invadiu-me, e ocupou o espaço que estava reservado à minha vontade de criar... de criar qualquer coisa, nada de especial, nenhuma obra de arte, mas aquela vontade de criar por criar, que vem associada às inquietações, às indignações e às sensações boas também. Sabem de qual estou a falar? Sabem, claro que sabem.
E o vazio... O vazio que se instala a partir do nada é aterrador! Quero sair de mim e ir ali encher-me de qualquer coisa... mas o espaço está todo ocupado... de nada. E não consigo...
Melhores dias virão. Assim espero...
por Mammy, em 27.12.12
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por Mammy, em 24.12.12
Só tratei das prendas e montei a árvore de Natal ontem, mas parece que ainda vou a tempo de festejar o Natal e de desejar, aos seguidores, leitores ocasionais e àqueles que caem neste blogue de pára-quedas, através de uma qualquer pesquisa no
Google, como por exemplo "
Macacos do Nariz", um:
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Imagem retirada da Internet |
por Mammy, em 23.12.12
Como sabem, o
Gatossoa cá de casa sofre de
Stress Felino, problema este que o tem martirizado com infecções urinárias consecutivas e que nos tem martirizado, a nós, com as suas asneiradas e os seus comportamentos agressivos.
Para as infecções urinárias, a veterinária já optou por mudar a marca da ração-especial-de-corrida para uma mais cara, sem que isso alterasse alguma coisa. Quanto ao comportamento só melhorou, um bocadinho, quando ele veio para casa ainda sob o efeito da anestesia que lhe deram para conseguirem fazer-lhe uma eco. Nesse dia, o Gatossoa era um doce: não nos mordia nem arranhava e ronronava como um motorzinho em pleno funcionamento.
Sugeri à veterinária que lhe receitasse um dose pequena de anestesia, que ele tomasse todos os dias, para que conseguíssemos viver em paz. Claro que ela negou terminantemente tal solução. Mas teve uma ideia que, espero, talvez seja brilhante: mudar a ração-especial-de-corrida para as infecções urinárias, para outra ração-especial-de-corrida para o stress felino.
O Gatossoa, a partir de ontem, começou a comer uma ração chamada Calm. A Calm é cara p'ra caraças, mas se eu tiver que dar 52,80€ de dois em dois meses para viver sem arranhões, mordidelas e a casa alagada de urina mal cheirosa, eu pago, e pago com um sorriso nos lábios!
Avé Calm!