por Mammy, em 30.01.13
Quando estava grávida, esta música estava na "berra".
Sempre que a ouvia, dedicava-a ao pequenino que trazia sempre comigo, bem aconchegadinho, dentro da barriga.
Ainda hoje, sempre que a oiço, é nele que penso, no my shining star.
por Mammy, em 29.01.13
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Imagem retirada da Internet |
Hoje, cheguei a casa stressada, irritada, triste, em baixo mesmo. O J., que tem um radar super-potente que detecta qualquer alteração menos boa no humor da mãe, perguntou-me:
-Então, mãe, o que é que tu tens? Estás triste?
-Estou, estou chateada com o trabalho. Não me correu nada bem o dia...
Chamou o pai:
-Pai, pai, faz alguma coisa para despedirem a mãe do trabalho! Ela está triste com ele!
-A mãe precisa é de miminhos! - disse o pai.
-Anda, mãe, vamos fazer miminhos, os três, para a caminha! Anda!
Pôs a casa em estado de sítio, agarrou-me na mão e puxou-me para o quarto. Descalçou os sapatos à pressa e saltou para cima da cama, enquanto me puxava. Deitei-me ao lado dele. Abraçou-me.
-Anda pai, deita-te aqui também! Vamos dar beijinhos à mãe!
Fiquei ensanduichada entre os meus dois meninos, que me abraçavam e davam beijinhos. Souberam-me tão bem aqueles momentos de extrema ternura...
Bendito radar!
por Mammy, em 28.01.13
Durante o jantar, a ouvir o telejornal...
-Gosto de ouvir este senhor! (D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas).
-Gostas porquê, mãe?
-Apesar de não ser católica, acho que ele é justo e defende os interesses das pessoas! Diz o que acha sem qualquer problema e se tiver que dizer mal do governo, diz, sem medos!
-Gostas de o ouvir falar, como aquele dos médicos? (José Manuel Silva, Bastonário da Ordem dos Médicos).
-Sim, como esse!
-Mãe, se tu mandasses no mundo, ele estava bem melhor!
-Porque dizes isso?
-Porque tu mandas bem!
-Mando?!?!?!
-Mandas! Tu mandas em mim e mandas bem!
-A sério? Achas mesmo isso?
-Acho!
-Oh, que bom! Fico muito feliz por pensares assim!
Há coisa melhor, num regime democrático como o que se vive cá em casa, do que o povo estar com os governantes e os governantes com o povo?
por Mammy, em 25.01.13
Preciso de futilidades. Pu-las de parte faz tempo... E agora, preciso delas. Achei que a vida as prescindia. Mas não, estava errada. A vida sem futilidades torna-se vazia de tão cheia. Torna-se imensa, e desmesuradamente pesada. Tudo é demasiado arrebatador, ruidoso, cheio...
Preciso de substituir espaços. Compartimentar emoções e sentimentos, temperar estados de espírito, cansar-me menos... Canso-me de sentir tudo tão intensamente... dói-me até... Preciso de espaços vazios onde caibam sentimentos ocos. Preciso do silenciar a alma, a dor... com nada... com o eco do silêncio, com o zumbido interminável do silêncio.
Quero chegar ao fundo de mim e substituir a plataforma, apoiar-me em futilidades e viver alegre na certeza de que nada mais importa para além daquilo que é palpável, para além daquilo que não sou. Negar a essência e revirar a alma, torcê-la até, se necessário for. E renascer num vazio supérfluo, tão supérfluo que nada sentisse para além de um espaço... em branco.
por Mammy, em 25.01.13
Todos os dias três de cada mês, Araci vai buscar a carta que traz o dinheiro, e as notícias, que
Jéferson lhe manda. Todos os dias três de cada mês, veste o vestido das florzinhas, que comprou especialmente para ele.
Numa espécie de ritual, depois de pôr as crianças na escola, volta a casa para se arranjar. Tal e qual como se fosse receber
Jéferson, vindo de Portugal, à estação das camionetas. Despe a roupa do trabalho, toma um banho rápido, veste o vestido das florzinhas, perfuma-se com o perfume que ele lhe enviou lá da Europa e põe uma corzinha no rosto e nos lábios. Penteia os longos cabelos negros até à exaustão. Ficam lisinhos, lisinhos, como muito raramente consegue que fiquem. Apenas nos dias três de cada mês e quando ele voltar... Vê-se no pequeno espelho do quarto, roda a saia e calça as sandálias de pele, que comprou no senhor Josué, sapateiro da aldeia. Sente-se linda, naqueles dias três. Se o seu
Jéferson estivesse ali agora, pegaria no violão e tocaria aquela música linda que só ele sabe tocar... E Araci bailaria para ele como uma flor que se solta e é embalada pelo vento...
Sai de casa, linda, para ir buscar a carta com que sonhou o mês inteiro, desejosa de ler as palavras daquele homem, desejosa de sentir o cheiro que ainda resta no papel onde ele desenhou o amor que sente por ela. A vontade de abraçar o seu boiadeiro é tão imensa que não cabe no seu peito e, mal pega na carta, as lágrimas escorrem-lhe, cara abaixo, esborratando-lhe a maquilhagem e regando-lhe as flores do vestido.
por Mammy, em 24.01.13
por Mammy, em 21.01.13
- Mãe, hoje foi a primeira vez que o pai me chamou campeão!
- Foi? Então?
- Quando lhe fui dar o beijinho de boa noite, ele disse-me "dorme bem, campeão!".