Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



Odores Mortíferos

por Mammy, em 30.04.13
Toda a gente sabe que os transportes públicos não transportam só pessoas. Há um mundo a viajar por aí de um lado para o outro. 
Toda a gente sabe que as pessoas não são inodoras. Umas cheiram bem, outras nem tanto assim.
Os transportes públicos transportam cheiros, para além das pessoas que neles viajam.

Numa das minhas viagens diárias de comboio, fiquei sentada em frente de uma rapariga que falou ao telefone durante todo o percurso. Até aí, nada de especial. 
Não fosse a dita rapariga ter um hálito terrível, eu não teria esta história para contar...
Durante esta tenebrosa viagem, tentei de tudo: cheirar as minhas mãos, virar a cara para o lado, snifar o livro que estava a ler, deixar de respirar... Mas não serviu de nada. O cheiro que a boca da menina exalava, vinha sempre de encontro ao meu nariz.
Rezei para que ela acabasse a conversa, mas claro, de nada adiantou, a rapariga tinha imenso que contar a quem estava do outro lado do telefone. 
Acabei por dar por mim a desejar que ela deixasse de ter rede no telemóvel; que houvesse uma travagem brusca que lhe fizesse saltar o telefone das mãos e o inutilizasse, pelo menos durante o resto da viagem; que algum "louco piedoso dos narizes ofendidos" lho arrancasse da mão e a impedisse de continuar a falar. Não aconteceu nenhuma das minhas preces, infelizmente, e tive que gramar aqueles jactos de mau odor o resto do caminho.

Mas o mau-hálito daquela menina não foi nada, se o comparar com o ultraje que o meu nariz sofreu hoje...
Uma outra menina teve o desplante de se sentar ao meu lado, depois de ter tomado banho em perfume de senhoras idosas com problemas olfactivos graves. 
Hoje, ia morrendo pelo nariz! O cheiro nauseabundo daquela essência dos diabos, apoderou-se de mim até aos ossos! Carreguei uma cruz fétida durante todo o trajecto que separa a estação da minha terra da estação da terra onde trabalho. E no final, saí crucificada!

O vómito teimava em tentar sair-me goelas a fora. E eu continha-o. 
A senhora que viajava à minha frente tapava discretamente o nariz. Eu, que já tinha atirado o discretamente pela janela fora, há muito tempo, tapei o nariz com a manga do casaco. Pensava "hoje, não é um bom dia para morreres, aguenta firme!" e intercalava o "respira o casaco, respira o casaco" com o "não vomites, não vomites".
Perguntei-me como suportaria, aquela rapariga, aquele cheiro, já que não se podia afastar dela própria. Óbvio que não encontrei resposta. Mas encontrei a porta do comboio uma estação antes da minha e ali fiquei na esperança que a mocinha não saísse na mesma paragem que eu, ou se o fizesse, se dirigisse a outra porta que não aquela.
Quando, finalmente, pensei que lhe tinha escapado e dei duas respiradelas convictas do ar puro da estação, vem-me o cheiro de novo ao nariz. 
Primeiro pensei que ele se me tinha colado aos pêlos nasais e que bastariam mais duas snifadelas de ar puro para afastar aquele mau-olhado dos cheiros, depois olhei para o lado... E lá estava ela, bela e perfumada, a espalhar o seu odor mortífero no ar que eu julgava puro.

Se não tivesse já saído da plataforma da linha do comboio, juro que me teria atirado para a frente do primeiro que aparecesse, mesmo não sendo este um bom dia para morrer!

Nariz roubado do sítio do costume

publicado às 01:07

Apresento-vos:

por Mammy, em 29.04.13
J.- O Poeta


publicado às 22:22

"Depois de Ter Você"

por Mammy, em 28.04.13

publicado às 23:59

Esforço

por Mammy, em 27.04.13
- Oh mãe, porque é que eu me esforço mais do que todas as pessoas?
- Esforças-te mais em quê? E mais do que quais pessoas?
- Em tudo. Do que os meus colegas.
- Dá-me lá um exemplo.
- Por exemplo, nas coisas da escola. Eles não se esforçam para terem tudo certo...
- Se calhar, não se preocupam tanto com isso quanto tu.
- Mas deviam... Eu é que não quero passar pela vergonha de ter insuficientes!
- Não é vergonha nenhuma. Se calhar eles esforçam-se mais noutras coisas, que tu não te esforças. Por exemplo, tu não te esforças por fazer a letra sempre direitinha em cima das linhas, não te esforças por pintar bem...
- Agora, já me esforço por pintar bem! A letra, para escrever depressa, não dá para ficar sempre direita. Nos ditados tenho que escrever depressa!
- Mas os teus colegas, se calhar, esforçam-se mais nisso. O que quero dizer, é que as pessoas esforçam-se mais naquilo que é mais importante para elas. Provavelmente, o que é mais importante para ti, não é o mesmo que é mais importante para a maior parte dos teus colegas. Não acredito que não haja mais nenhum teu colega que se esforce por ter tudo certo...
- Não há, não!
- Já pensaste que eles podem esforçar-se mas não conseguirem fazer melhor?
- Oh, não acredito!
- Há pessoas que não conseguem, mesmo que se esforcem muito. Mas também há pessoas que têm preguiça de se esforçarem.
- Ah, eu acho que é preguiça!
- Pois...talvez seja. Ou talvez não. Mesmo que não se esforcem muito, tens muitos colegas com boas notas.
- Sim, mas não se esforçam.

publicado às 00:29

Gente Estranha

por Mammy, em 26.04.13
Gente estranha 1
Estávamos sentados, eu e o pai do J., na sala de espera do hospital e eis que chega um casal com dois filhos. 
A mãe das crianças senta o mais pequeno (de mais ou menos quatro anos) numa cadeira e diz:
- Agora ficas aí sentado! Se te atreveres a levantar, parto-te os dentes todos!
Dois segundos depois, o pai da criança pega-lhe na mão e diz:
- Anda, vamos lá para fora que está mais fresquinho!
A mãe não lhe partiu os dentes (pelos menos naquele momento). 
Pareceu-me que a criança não entendeu nada daquela história. 

(Eu não entendi e tenho mais trinta e tal anos do que ela).


Gente estranha 2
A andar pela rua. Quando chegámos à esquina de um prédio, vemos uma criança aparecer sozinha a correr, quase indo parar ao meio da estrada. 
Três segundos depois, aparecem os pais em passo pachorrento. O pai grita-lhe:
- Se te afastas de nós outra vez, levas um chapadão!

(Se eu fosse aquela criança, afastar-me-ia daqueles pais sempre que me fosse possível. Mas isto sou eu que sou esquisitinha).

publicado às 00:46

Liberdade

por Mammy, em 25.04.13

publicado às 11:34

Dias Em Branco

por Mammy, em 23.04.13
Dias em branco precisam de noites em claro que procurem o sentido de tamanha lividez. 

publicado às 22:39

Pág. 1/5



Mais sobre mim

foto do autor


Pesquisar

  Pesquisar no Blog