Há dores que não vêm sozinhas. Há dores que não têm origem no sítio que dói. Há dores que são apenas o reflexo de outras dores. Mas doem, doem muito.
Dão-se voltas e mais voltas à procura do lugar preciso a aplicar o curativo. Põe-se aqui, põe-se ali, e não passa. Esfrega-se, massaja-se, e nada, continua a doer. Não há ferida ou contusão visíveis, não há inchaço, ou hematoma, mas a dor, essa, continua lá. Aplica-se gelo no sítio que dói. O gelo frio, insípido e cru, poderoso anti-inflamatório, atordoante da dor, não faz efeito.
Dá-se o abraço, a festa na cabeça, o colo, o beijo na face. Dizem-se palavras de alento e consolo, beija-se o ego e acaricia-se a alma. Enfim, serena a dor.