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Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...
Hoje, fui eu que tive direito a história pré-sono. Mais propriamente a Mixórdias de Temáticas.
O miúdo leu-me esta
e esta
E não é que me fartei de rir com a voz do Ricardo Araújo Pereira a sair de dentro do meu filho?
Vá-se lá explicar estes fenómenos...
Quando o J. já devia estar a dormir chamou-me:
-Mãããããeeeee!
- Sim, J., o que é?
- Preciso que venhas aqui, senão não consigo dormir!
- Então? Que se passa?
- Vem aqui um bocadinho para falarmos, por favor!
Fui ao quarto e sentei-me no pufe já que a conversa ia ser longa.
- Diz lá, o que se passa?
- Lembraste daquele jogo em que jogámos contra aquela equipa azul?
- Quando?
- No ano passado, lembraste?
- Não!
- Ganhámos por 88/2, não te lembras?
- Desculpa, mas não. Sabes que nunca me lembro de quais são as equipas... Mas o que é que tem essa equipa?
- Eu acho que devia ter-lhes passado a bola.
- A quem? À outra equipa?
- Sim. Eles devem ter ficado tristes... Estou "influenciado" com esse jogo.
- Influenciado?
- Sim. Acho que devia ter-lhes passado a bola... Eles se calhar ficaram a chorar...
- Oh, não ficaram nada. Queres dizer que ficaste com peso na consciência, não é? Não é "influenciado".
- Sim, fiquei a pensar nisso. Como é que sabes que eles não ficaram tristes? Tu nem sequer te lembras do jogo!
- Sim, mas sei que perder e ganhar faz parte do jogo e que não é razão para eles ficarem tristes.
- Mas se eu lhes tivesse passado a bola...
- Não, J., tu não podes passar a bola à outra equipa. Cada equipa joga para a sua equipa. Eles ainda não sabiam jogar tão bem como vocês por isso perderem. Vocês também já perderam muitas vezes... Perder é tão importante quanto ganhar, faz com que as equipas vejam que têm que se esforçar mais ou melhorar. Só assim podem perceber os erros, se perderem de vez em quando.
- Mas ganhámos por tantos... Coitados!
- Vocês também já perderam jogos assim e, depois, melhoraram.
- Pois perdemos...
- Vê se dormes agora e não penses mais nisso, ok?
- Ok, vou tentar dormir.
- Boa noite!
- Boa noite, mãe!
E dormiu.
Em conversa pré-sono.
-Amanhã, vou pintar o cabelo!
-Eu vou contigo!
-Também queres ir pintar o cabelo?
-Ah ah ah! Sim!
-Vais pintar de que cor? Azul?
-Pode ser... O que é mais barato, pintar o cabelo todo ou madeixas?
-Pintar o cabelo todo. As madeixas são muito caras.
-Então vou pintar de azul com aquelas tintas que não fazem mal...
-Champô-colorante?
-Sim, isso.
-Não vais, não!
-Porquê?
-Porque eu não deixo. Não tens idade para pintar o cabelo, nem com champô colorante... Pintar o cabelo faz mal, especialmente às crianças.
-Vês, tu és mesmo uma máquina-destruidora!
-Sou?
-Sim, és muito protectora.
-Achas?
-Sim. Não deixas que aconteça nada de mal a ninguém.
-A ninguém não, só a ti.
-Não, não é só a mim. Lá no Badoca também protegeste aquela menina daquela senhora.
-Qual menina?
-A menina francesa... Quando aquela senhora pôs os filhos à nossa frente... És uma máquina destruidora!
-Mas porquê destruidora?
-Porque levas tudo à frente para protegeres.
-Ah, ok!
Em conversa pré-sono.
- Mãe, quando vi aquele cordão umbilical na Pais & Filhos, pareceu-me um polvo.
- Oh não, é tipo um saquinho com muitos fios lá dentro que são as veias e que levam os nutrientes ao bebé.
- Através do sangue?
- Sim, é o sangue que leva os nutrientes ao bebé quando está na barriga da mãe. É incrível esta história da vida, não é? Como pessoas dão origem a outras pessoas.
- Sim, é um bocado estranho!
- Pois é. Duas pessoas fazem outra pessoa dentro de uma delas.
- Felizmente, eu nunca vou ter uma pessoa dentro de mim!
- Felizmente??? É bom ter uma pessoa a crescer dentro de nós! Mas vais dar uma sementinha para a pessoa crescer dentro de outra pessoa!
- Sim, pois vou... Mas qualquer dia, isso vai acabar!
- Vai?
- Sim, vão-se criar pessoas através das plantas!
- Das plantas?! Então porquê?
- Porque isto vai tudo mudar! As pessoas vão-se juntar com as plantas e formar outras pessoas!
- Ah ah ah! Plantossoas?
- Sim, ou pessolantas! Ah ah ah!
- As pessolantas verdes e com braços vão trabalhar, mas à hora de almoço saem para a rua e põem o pezinho enfiado na terra para almoçarem, é isso?
- Ah ah ah ah! É! E ao jantar também!
- Sim, vai a família toda. E o pai diz à mãe "olha, rega aí o miúdo que ele anda com pouco apetite! Assim, fica mais bem alimentadinho!".
- Ah ah ah ah! Ó mãe, tu és mesmo maluca! Ah ah ah! E depois... depois o filho quer terra em forma de hambúrguer, ou de batatas, ou de sementes de sésamo...
- Sementes de sésamo?! Mas as pessolantas não podem comer sementes de sésamo, senão estão a ser canibais.
- Oh, pois é! E se fosse uma melancia do tamanho de uma pessoa?
- Oh, aí até eu a comia!
- Comias, não comias, mãe?
- Comia pois! Todinha!
- Sem pevides, nem nada....
- Oh, melhor ainda! Que delícia!
- Mas não a conseguias comer toda de uma vez...
- Pois não, mas ia comendo devagar. Todos os dias comia um bocadinho. Podes ficar descansado que não se estragava! Especialmente, aquela parte do meio, o coração da melancia!
- E o esófago?
- O esófago?! Mas as melancias não têm esófago!
- Pois não, mas esta podia ter... Ou então comias o meio... E eu comia a parte branca, que é a que mais gosto.
- Comias a casca?
- Sim, já comi casca de banana, de melão, de meloa e agora falta-me a de melancia.
- E gostas?
- Gosto!
- Óptimo! Porque eu gosto mais do meio, é mais docinho. Tínhamos a melancia bem dividida e sem discussões!
- Eh eh eh eh! Pois era!
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