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Aqui, fala-se de filhos e de tudo o resto...
Vim aqui só avisar que ando a ler a Biografia Involuntária dos Amantes para o caso de alguém estar interessado em saber.
Continuo com a síndrome das folhas em branco que no meu caso nunca foi página, já deixou de ser folha para passar a ser folhas e vou a caminho do caderno. Ou seja, continuo aparvalhada. Não me liguem, ok?
Uma multidão cerca-nos. Olhamos em volta e só caras desconhecidas. Tentamos decifrar expressões, ler pensamentos, ver para além das expressões e dos pensamentos.
E nada.
Fechamos os olhos e inventamos histórias para as caras que se gravaram na nossa mente. Imaginamo-las íntimas entre elas, a amarem-se e odiarem-se num quotidiano monótono em que as conseguimos ver a acordar, a lavarem-se, a vestirem-se, a comer, a abandonarem-se.
Caras estremunhadas, caras desconhecidas estremunhadas. Abandonadas.
Somos nós que as rodeamos agora. Tal predador em volta da presa, cheiramo-las, inspiramos-lhes o odor até nos inebriarmos de fome e nos fixarmos na ideia de as devorar.
Num salto, atacamos-lhes o pescoço da alma e sorvemos-lhes a essência. Sugamo-las por inteiro até as possuirmos. São nossas. São nossas.
É a partir deste momento que as podemos estampar numa folha de papel e escrevê-las, desenhá-las, apagá-las e reescrevê-las novamente a nosso bel-prazer. São nossas.
Ok, sou um bocado preconceituosa! Best sellers não são muito a minha praia!
O facto dos livros se venderem às carradas tira-me a vontade de os ler. É raro optar pela compra de um livro que se vende a rodos, prefiro quase sempre quaisquer outros. Oh pá, não sei explicar melhor, é coisa que me tira a vontade, o que é que querem?
Como já disse AQUI, tentei pegar o "bichinho d' Os Cinco" ao J. (ó sua tonta, e Os Cinco são o quê? Não são um monte de um best sellers?), mas parece que o entusiasmo por estes livros se esfumou com a mesma rapidez que surgiu naquele dia. Depois d' Os Cinco, que não chegou a acabar de ler, já leu vários outros livros, mas o que apaixonou o pequeno tem um nome que me faz uma certa comichão - Harry Potter!
O Harry Potter entrou cá em casa pela minha, e do pai, mãos.
No Natal, oferecemos-lhe um livro para ver se era este o estilo que mais o entusiasmava (mas na esperança de que não fosse) e, desde aí, o miúdo não larga o raio do feiticeiro. Vai a meio do terceiro volume e já me deu o toque para comprar o quarto.
Para quem não vai à bola com best sellers é um abalo difícil de controlar! Claro que a culpa é minha (e do pai) porque fui eu (nós) que lhe apresentei (támos) o maldito bruxo, mas também não era preciso o miúdo ficar assim tão viciado.
Ou era?
Há muiiiiiitos anos, na altura em que surgiu a epidemia "Harry Potter", eu trabalhava numa livraria e vi de perto como os miúdos invadiam a loja sempre que saía um novo livro. Era a loucura, uma loucura que nunca consegui entender... Primeiro, porque não gosto nem um bocadinho de histórias fantásticas, depois por causa da síndrome best seller que me impediu de, sequer, começar a ler estes campeões de vendas. Assim, fiquei-me pela leitura das contra-capas e, confesso, que não consegui alcançar o porquê das corridas às livrarias. Mas como corridas são boas, e ainda mais às livrarias, e muito mais ainda se por parte de miúdos, acabei por ficar só a desfrutar a coisa e desisti de entender.
Por ironia do destino, hoje, sou eu que corro para a livraria sempre que o meu filho está a um capítulo do fim dos livros. Claro que não é coisa que me rale, correr para livrarias, que eu até sou menina de passar lá umas boas horas assim como algumas pessoas passam em boutiques a experimentar roupa, mas faz-me um bocado impressão o MEU miúdo ser viciado NESTES livros e EU andar a correr atrás deles sem, sequer, saber bem porquê.
Faz-me sentir assim como que...
... um bocado gozada pelo puto da varinha mágica...
Imagem roubada por aí
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Imagem roubada por aí |
Apetecia-me dizer coisas. Escrever coisas. Escrever, escrever, escrever. Mas as coisas não me saem. Parece que se trancaram cá dentro e não saem.
Vou enchendo e preciso de explodir. Como um balão que cresce com o ar. Estou um balão de coisas para dizer. Mas no silêncio. O silêncio é o meu ar, agora. E enche-me. Enche-me inteira.
Queria a minha vida em palavras. Palavras belas e feias. E belas e feias. Palavras sem fim. Escrever cada letra e formar palavras, e frases, e textos, e contos, e livros. Livros cheios de ar. Do ar das palavras que o vento não leva. Palavras que ficam. Belas e feias. E lê-las. E não gostar delas. E amá-las. E escrever outras.
Queria um mundo de letras. E mergulhar nas palavras dos livros. Viver em livros e histórias. E em pensamentos de papel. Recortar ideias e sonhos e colá-los no papel. Assim, nesta forma que se lê.
Mas essas coisas não me saem.
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